A DIFERENÇA ENTRE PSICOLOGIA E PSICANÁLISE
06-11-2013 23:22
O discurso sobre a alma (em grego antigo psyche-logos, discurso sobre a alma, do qual a palavra psicologia vem) é uma investigação que nasceu nos tempos da Grécia antiga, entre outras relacionadas ao universo, à vida e à política. O primeiro “psicó-logo” foi Aristóteles (384 BC - 322 AC) um dos fundadores do pensamento ocidental e primeiro grande classificador das coisas do mundo. Em sua vida de pesquisas, Aristóteles categorizou o inteiro mundo conhecido na época, incluindo aquele da moral e do comportamento humano. Portanto, falou sobre a psique.
A referência principal da psicanálise é o inconsciente, o qual, por definição, está presente em toda pessoa, analista e paciente s, e influencia as atividades conscientes e as percepções da realidade, também distorcendo a visão e manipulando a compreensão racional. Freud caminhou sobre um terreno instável que exigiria mudanças na epistemologia psicanalítica. Epistemologia é o ramo da filosofia preocupada com a natureza do conhecimento, cujas perguntas são: o que podemos conhecer? Quais são os limites do conhecimento humano? Assim, se a psicanálise supõe o inconsciente como seu objeto principal de estudos e o inconsciente é o desconhecido (tudo o que não é consciente) que interfere com a forma como conhecemos o mundo, chegamos num aparente círculo vicioso. Como, então, podemos afirmar qualquer coisa com objetividade?
Quem se tornou consciente dessa revolução e de suas consequências foi Jung (1875-1961), o qual alcançou horizontes que Freud não poderia imaginar. O histórico de Jung deu-lhe a liberdade para investigar o campo desconhecido que a psicanálise freudiana havia aberto. O método científico positivista (oriundo das ciências biológicas) foi substituído por aquele dialético (oriundo da filosofia) que melhor combina com a psique. A metodologia de Jung aprofunda o dialogo entre consciência e inconsciente, que Freud já utilizava, investindo na autoconsciência do analista e no que acontece na relação analítica, mais do que na analise do paciente de fora para dentro.
Para Jung, não somente os sonhos são, como disse Freud, a “via regia” (o caminho principal) para chegar ao inconsciente, como a inteira vida psíquica revela elementos e orientações úteis para o desenvolvimento da pessoa. E ainda por cima, o inconsciente não se resume a ser um “perturbador” das atividades conscientes. Na perspectiva junguiana, analista e paciente estão ambos engajados numa jornada de descoberta e de crescimento. Durante os muitos anos de experimentação e aprendizado tendo como base sua vida interior e a prática profissional, Jung desenvolveu sua psicologia analítica. Como aquela freudiana, da qual é uma evolução, a psicologia analítica junguiana, apesar do nome, continua sendo uma forma de psicanálise pois dessa nasce e nela tem suas raízes, nada devendo à “psicologia científica” acadêmica.